DUAS GRANDES VIAGENS

Na verdade este blog não é o relato de uma viagem ao Peru, mas de duas jornadas inesqueciveis a este país mágico e misterioso.
Em 2010, pacote de viagem de ônibus saindo do RS, passando pelo norte da Argentina, norte do Chile e sul do Peru até Cusco.
Em 2011, mochila nas costas, ônibus até a fronteira em Corumbá no Mato Grosso do Sul, Bolívia de trem e ônibus até La Paz e depois mais ônibus até Cusco no Peru.
Nas duas vezes fomos a Machu Picchu de trem como destino final.




NAVEGAÇÃO NO BLOG

Para melhor compreensão da sequência dos relatos de viagem, clique nos títulos das postagens na coluna da esquerda, por ordem de data, pois as postagem são feitas em sequência cronológica, deixando os textos em ordem inversa.

Ao chegar no final de cada postagem, escolher outro título ou clicar em postagens mais antigas.

31 de Janeiro - Segunda-feira

Depois da noite mal dormida, fechamos a conta no Alem Hostal e seguimos de taxi sem café da manhã para o Terminal de Buses e pegamos o ônibus da empresa boliviana Nuevo Continente para Cusco com esperança de chegar lá a tardinha, tipo 19h e 30min, mas assustado por não ter reservas para hospedagem.
A viagem vai bem, belo visual do Titicaca até a fronteira. Desaguadero (Bolívia-Peru).
Passamos por revista seletiva, 2 horas de fila e trâmites aduaneiros, fotocópias e carimbo, e depois de sair da Bolívia, tudo de novo para entrar no Peru.
Como diziam “los hermanos argentinos” do mesmo ônibus: Subdesarrollo! Eram dois casais de argentinos de meia idade muito simpáticos e animados que nos fizeram companhia até a cidade de Puno no Peru.
As empresas de ônibus bolivianas não param nunca, não tem “Pit Stop” para baño ou lanchinho, nem troca de motorista. Buzinam muito e mandam ver...
Na parte final da viagem, no trecho de Puno até Cusco que é uma região muito linda, já não agüentávamos mais. Parece que o tempo estava parado. Acho que o conbustivel do "bus Nuevo Continente" estava no fim, pois o motorista só acelerava nas subidas ou quando o carro já ia perdendo o embalo nas retas.
Por final, Cusco. Por ser uma cidade antiga e de ruas estreitas, a rodoviária fica bem inacessível, tanto para quem chega de fora, como para quem vem do centro.
Entraram uns caras meio estranhos no bus oferecendo hospedagem com mapas da cidade e fotos de hotéis com várias opções de preço e localização. No início, até que pensei em aceitar...
Quando descemos do bus, fui me lembrando do aperto que passamos em Quijarro com o taxista Pablo e comecei a desconfiar daqueles sujeitos. Um taxi branco esperava atrás do bus... Acabei dizdndo para um deles que tinha mudado de idéia e ia seguir a indicação de um amigo...
- Ufa! Entramos na rodoviária, ainda sem saber o que fazer. O ônibus chegou muito tarde, já eram mais de 9 horas.
Eu sabia que estas abordagens aos turistas eram costumeiras nas rodoviárias e saídas de aeroportos nas cidades turísticas do Peru, mas dentro do ônibus...
Uma senhora chamada Vilma logo se aproximou, bem mais confiável, divulgando seu hostal, o Albany Inn na Rua Matara a três quadras da Plaza de Armas. Baño privativo, água caliente, telefono, TV. Cable, cafeteria, Caja de seguridad. Tá bom! Em alguns segundos largamos a vida de mochileiros chulé e fomos conquistados pela tentação do conforto, afinal eram apenas 70 soles para nós dois (25 dólares ou uns 45 Reais) – Bom demais!
Confiamos na Vilma e embarcamos com ela no taxi que logo foi tomando a direção da Plaza de Armas para nosso alívio. – Estamos em casa!
No caminho, Vilma falava ao celular em Quechua, mas isso não nos assustou ou incomodou nenhum pouco. –Estávamos confiantes!
O Albany Inn, realmente era tudo que a Vilma falou e tem mais, ela e o marido tinham também uma companhia de turismo e logo nos ofereceu alguns pacotes.
No Peru é melhor deixar para comprar os pacotes lá mesmo. Comprar no Brasil por antecipação é pagar o dobro pelo mesmo serviço.
Na verdade, nem sabíamos se conseguiríamos chegar até Cusco, muito menos pensar em pacotes turísticos.
Compramos “Vale Sagrado de los Incas” incluindo Chinchero, Pisac, Ollantaytambo e almoço para o dia seguinte saindo às 8 horas do hotel – Valor: 75 Nuevos Soles por pessoa, mais o passaporte turístico parcial por 70.
Compramos também “Machu Picchu” incluindo boleto do trem Ollanta-Aguas Calientes, diária em hostal em Aguas Calientes, ônibus até Machu Picchu, ingressos para Machu Picchu, tudo pro 230 Dólares por pessoa.
Total dos dois pacotes: 510 Dólares mais o passaporte turístico para o vale Sagrado (140 Soles para os dois).
Pelo que tinha pesquisado em casa, seriam necessários 500 dólares somente para Machu Picchu sem hospedagem e sem o Vale Sagrado. Acho que valeu o investimento. Tínhamos reservado os 500 Dólares para o caso de chegarmos tão longe.
Inacreditável! Íamos subir novamente a velha montanha. Sonho realizado!
Pagamos adiantado em dólar e ficamos com o recibo detalhado dos serviços da operadora Rin Tours (Rin vem do nome do marido da Vilma), e hospedados confortavelmente no centro de Cusco.
Esta foi uma repentina metamorfose de mochileiro quarentão para turista empolgado...
Saímos para comer algo, depois da negociação com a Vilma e o chá de coca que ela ofereceu. Eram quase meia noite (não havia acertado o relógio para o fuso horário peruano que é de 3 horas a mais que no RS e 1 hora a mais do que na Bolívia). A cidade estava bem movimentada, já era tarde para um pedido em um restaurante tradicional da Plaza de Armas, então fomos ao Bembos e pedimos hambúrgueres, fritas e refrigerantes.
Voltamos ao hotel e dormimos muito melhor do que em La Paz.

30 de Janeiro - Domingo

Tihuanaku – Levantamos bem cedo e fomos ao desayuno no outro lado da rua ao som de uma rádio evangélica em espanhol. Desayuno Continental: Pão, manteiga, geleiazinha de frutas, café preto ou mate de coca e suco de laranja.
8h e 20min apareceu a “buseta”. É isso mesmo, era muito apertado lá dentro. Número de passageiros de ônibus e tamanho de van. –É uma buseta mesmo!

O trânsito de La Paz é algo inacreditável que lembra os filmes Indianos, onde não se consegue identificar o fluxo nem a direção dos carros, parece que não há mão, contra-mão, via preferencial e nem nada. só um aglomerado de carrinhos pequenos e com aparencia antiga e muuuuita buzina. Além disso o movimento de pedestres é intenso também, tornando o caos ainda maior. É Chola e cholo em todos os cantos!

Os tiwanacotas foram os avós dos incas. Dominaram a região do altiplano séculos antes dos incas. Provavelmente desapareceram ou se dispersaram e enfraqueceram por ocasião de uma grande inundação do lago Titicaca (a 19 km das ruínas) que teve seu nível aumentado por conta de uma onda de calor que derreteu a neve das montanhas da região. Durante anos a água não baixou e as ruínas hoje se encontram enterradas a 3 metros de sedimentos trazidos com a água.

Teorias mil... Ets, atlantes, Deuses, Astronautas, Erich Von Däniken e diabo a quatro, muito sol, frio e pernas cansadas.

No caminho para Tihuanaku pudemos visualizar melhor as redondezas de La Paz e sua localização em relação às montanhas nevadas como o pico Potosi e o Chakaltaya, onde está a segunda mais alta pista de esqui do mundo.



Almoçamos em um restaurante do lugarejo, mas optamos por comer “bife de rês” ...como eles dizem por lá...
Chegamos ao Alem cansados, mas logo saímos. Pegamos um taxi por 10 bolivianos até a rodoviária, ou melhor o “Terminal de Buses de La Paz” onde decidiríamos nosso próximo destino. Optamos por economizar tempo e dinheiro indo direto para Cusco, sem visitar Copacabana onde não se tem tanto assim para conhecer.
Voltamos ao gueto turístico da Sagarnaga onde a Neila me convenceu a deixar a avareza de lado e comprar um Charango. Depois comemos “Crema de Choklo” por ali mesmo.

Noite horivel novamente: Soroche – Silenciosamente achamos que íamos morrer.

29 de Janeiro - Sábado

La Paz fica num grande buraco em meio as montanhas a 3900 metros do nível do mar e há uns 950km de Santa Cruz.

A periferia de La Paz é formada por milhões de casas e pequenos prédios aparentemente sem reboco que sobem pelas encostas das montanhas. E no grande buraco que parece uma gigantesca carie dental bem no meio das montanhas fica o agitadíssimo centro.

Chegamos lá pelas 6h, cansados, meio enjoados já com muita dor de cabeça. A subida em si, até que foi fácil desta vez.
Optamos por ir ao banheiro e tomar café no “Terminal de Buses de La Paz” antes de procurar hotel.

Pegamos um taxi. La Paz acorda cedo, movimento e transito louco com cholas, taxis e vans para todos os lados. Pedi ao motorista que nos levasse a esquina da Sagarnaga com a Illampu onde, já sabíamos, ficam a maioria dos turistas em vários hotéis ou hostals espalhados na redondeza.

O taxi nos deixou na “lomba à pique” da Sagarnaga e, muito cansados, de dois hostals, escolhemos o mais feio esperando que fosse também mais barato. Era o Alem Hostal.

Optamos, com total espírito mochileiro, por “habitacion matrimonial” com “baño compartido”.
O local parece deserto. Ao que parece, somos os únicos hospedes do andar. O que tornou nosso “baño compartido” em “baño privativo” só que ao lado do quarto. O valor? 80 bolivianos para nós dois. Isto equivale a 11,5 Dólares ou uns 20 Reais por uma cama de casal, roupeiro, mesinha, toalhas, tomadas 220 iguais às nossas e o melhor de tudo, “agua caliente” 24h. Tudo muito simples. (embora no banheiro masculino a ducha fosse só um cano)
Duchas, cama, troca de roupa e estávamos prontos para explorar La Paz.
Mais tarde, descemos a Sagarnaga e já fomos vizualizando o “Mercado de las brujas” abundante em artesanato local típico, companhias turísticas, lancherias e restaurantes.

Lá em baixo, chegamos ao nosso segundo objetivo em La Paz: conhecer a Igreja de São Francisco.

Quando, há um ano atrás, conheci a Catedral de Cusco achei que não veria nada parecido em minha vida, mas a Igreja de São Francisco é quase tão grandiosa quanto esta. Menor, mas estonteante em beleza e comoção.
Tivemos alguns minutos apenas, pois a missa estava acabando e depois a igreja iria fechar.
Ao lado, um museu fantástico com obras sacras, imagens de santos, adega dos franciscanos e muita história. Foi nesse museu que tive o prazer de conhecer a imagem tocante, impactante e ao mesmo tempo cativante de Nossa Senhora de Copacabana que me conquistou de vez.

Pelo museu, tivemos acesso a Igreja novamente através de um mezanino e fomos ao campanário, subindo através de estreitos e sufocantes corredores e escadarias (espécies de túneis com escadaria) até chegar em cima da igreja, tendo uma vista impressionante de La Paz.

Almoçamos ali perto. Restaurante legal “pra turista ver”, decoração típica, saladas, entradas e como prato principal Pollo nº 1.
Mordi uma pimenta por acidente no meio da salada, pensando que era vagem e tive que pedir mais Coca-Cola. – Que sufoco!

Voltamos ao nosso quarto e capotamos abafados no Alem...
Mais tarde saímos para explorar com mais carinho as lojas de artesanato das redondezas e percebemos que estávamos numa “Torre de Babel” onde cada um fala uma língua diferente. E não estou me referindo somente aos turistas, pois a Bolívia fala espanhol, Quéchua, Aimará e Guarani. Para completar, as cholas das lojinhas falam meio cantado: - Compra Senhora! – Compra!
Passamos em uma companhia de turismo e compramos o pacote para Tihuanaku no dia seguinte. Se não me engano 60 bolivianos para guia e transporte e 80 para ingressos por pessoas. Achei barato!
Comemos um Crema de alguma coisa para não pesar no estomago e piorar o soroche.
Voltamos para o quarto 25 do hostal e tentamos dormir apesar da dor de cabeça, falta de ar, colchão com buraco no meio e cobertas muito pesadas.

28 de Janeiro - Sexta-feira

Pela manhã, no trem, já começaram os vendedores com sanduiches e café. Comemos bolachas que compramos em Quijaro, mas que eram feitas no Mato Grosso do Sul e café ouvindo Vicente Fernandez e seus clipes.

Chegamos em Santa Cruz de La Sierra, batemos fotos e compramos passagem para La Paz as 14 horas com chegada prevista para as 6h da manhã. Fomos ao banheiro, internet, lanche e decidimos ficar ali mesmo no terminal esperando o ônibus descansando e observando o espetáculo e a diversidade que o ambiente proporcionava.

Almoço: sopinha bem reforçada “sin mirar La cocina” preparação para subir as montanhas durante a noite.
Banho em Santa Cruz só se for frio. Faz muito calor aqui e não tem chuveiros quentes. Improviso e criatividade ajudam nestas horas. Faz-se o possível na pia do banheiro e utiliza-se lenços umedecidos, paninhos, perfume e troca-se de roupa. Para quem vai subir para La Paz é melhor se agasalhar bem.
O Terminal Bimodal de Santa Cruz é algo muito interessante. Aqui cada empresa de ônibus tem um “bretezinho” onde alguém fica gritando anunciando as linhas, as passagens para os ônibus que já vão sair. No mesmo lugar se compra a passagem, se despacha as bagagens e nos fundos já é o embarque.
- Sucre, Sucre, Sucre, Sucre... – Camiri, Camiri, Camiri... – La Paz a La Paz, La Paz a La Paz...
Muitos estrangeiros, cholas, crianças e brasileiros também. Uma verdadeira diversidade de povos e línguas.

O tal “Bus-Cama” é muito confortável, são só três filas de acentos, o que dá mais espaço para os lados e o corredor. É muito espaçoso, confortável e é panorâmico. Não tem ar condicionado, mas o tempo tá ajudando, venta bastante aqui. As estradas são movimentadas, mas em boas condições. Quanto? 170 bolivianos, ou seja, mais ou menos R$63,00. A empresa se chama Copacabana.

Continuamos rodando na planície e a Bolívia aqui é verde e produz muito como o Brasil.
Lá pelo 35º cochilo, já é madrugada e começamos a serpentear no escuro de uma noite nublada, subindo, subindo,subindo.
Cochabamba não vi passar nem placa. De manhã, bem cedo, já meio atordoado pela altitude, já estávamos no altiplano e La Paz se aproximava.

27 de Janeiro - Quinta-feira

Na madrugada, paramos em Miranda e em mais um outro lugarzinho para nós desconhecido. Chegamos 6h e 20min em Corumbá, corremos para o banheiro e fomos logo ao taxi que nos cobrou R$35,00 até a fronteira. O taxista nos largou na Bolívia e nos mostrou onde ficavam os taxis do lado boliviano. Pegamos o taxi do Pablo em Puerto Suarez, carro grande, bem mais velho e mais sujo por dentro. Fomos até a única casa de câmbio aberta neste horário e trocamos Reales por Bolivianos a 1x3,8, ou seja troquei R$1300,00 por B$4940,00 e dei metade para Neila guardar. Depois fomos para a estação do “Trem da Morte” para esperar abrir “El Boletero” e comprar a passagem para as 16horas no “Super Pulman”, recomendado para turistas.

Então veio a primeira grande mancada dos mochileiros de primeira viagem:
Pablo falou para irmos para a fila do “boletero” as 6h e 30min mais ou menos, sabendo que abriria 7h e 30min. A Neila ia ficar no carro para cuidar das mochilas, mas acabamos vacilando e saímos os dois do carro. Ele trancou as portas, mas esqueceu a chave na ignição e falou que iria em casa buscar a chave sobressalente. Saiu e nos deixou com as mochilas trancadas no carro e nós dois do lado de fora. ...será que ele volta?
Por sorte deu tudo certo. Depois de uma meia hora de sufoco, Pablo não só voltou como me emprestou uma moeda de 5 bolivianos para facilitar o troco da passagem do trem.
Mas por alguns momentos, ficamos apavorados e sem saber o que fazer.
Três horas depois e duas filas imensas conseguimos as passagens e os documentos das duas aduanas. Fomos, então, ao Shopping China onde não tem quase nada, tá quebrado e nem internet e telefones tinha. Comemos empanadas gostosas e apimentadas até no preço. Voltamos para a estação que ficava há uns 200 metros e almocei de verdade num restaurantezinho na beira da rua onde comi bife, ovo, arroz, feijão e massa com muita poeira da rua em frente. Neila não comeu nada.

O trem da morte é um capítulo a parte dessa história. Esperamos até 16h para entrar no vagão que seria a melhor opção para os turistas e pagamos bem mais caro por isso.
Duvidei, no momento, que algo pudesse ser pior que aquilo: barulhento e fedido, a nata da sociedade boliviana abordo. Tem TV, mas não tem som que chegue a tempo de superar o barulho, mosquitos e chulé.

Lado bom: Os filhos de Francisco em espanhol e na hora das músicas coro da criançada em português. Emocionante!
O ar condicionado também não era ruim, permitia que as janelas ficassem fechadas impedindo a entrada de mais mosquitos ainda.

Para o jantar passava um cara gritando algo parecido com “Amarillo – Pollo” repetidamente, até que minha curiosidade me fez comprar um Pollo que era um pratinho de arroz com frango e papas fritas. –Até que era bem gostosinho. A Neila não tentou nem provar.

Preocupações até aqui: Mario = Salmonela, Neila=inanição.
A noite de sono no trem foi reparadora, estávamos muito cansados e nem ouvimos os barulhos constantes do ferro batendo na frente do nosso vagão.

26 de Janeiro - Quarta-feira

Depois de parar em varias cidades de Santa Catarina e entrar no Paraná, durante a madrugada, acordando de vez em quando com o nome da cidade falado pelo motorista lá na frente, chegamos a Cascavel, terra do Vinícius, para trocar de ônibus e café da manhã. A rodoviária é bem grande e a cidade também. Banheiros pagos, semi-banho, café gostoso e alguma espera.
Consegui ligar a cobrar para minha mãe.
O dia estava ensolarado no Paraná contrariando a previsão de chuva dos noticiários. A paisagem é de grandes fazendas de soja. Parece ser uma região muito próspera.
Seguimos viagem e só paramos novamente em Toledo, onde a soja continua impecavelmente verde.
Por sinal, desde que deixamos Cachoeira do Sul, só vimos belas plantações muito verdes sem nada de estiagem ou excesso de chuva, ao contrário do que dizem os jornais.
Depois de Toledo, paramos em Marechal Deodoro.
Como estamos partindo em uma rota clássica de mochileiros, achamos estranho o fato de não ter avistado nenhum pelo caminho. Só em Porto Alegre passamos por alguns que tomaram outros rumos. Nossos companheiros de ônibus são bem “família” e não levam jeito de que estejam indo a Machu Picchu. Decepção!
Passamos por Guaira, divisa do Paraná com o Mato Grosso do Sul, cidade cheia de estatuas de bichos do pantanal e uma ponte enorme bem na fronteira dos estados. 13h e 50min e nada de parar para o almoço.

Ponte na divisa dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul
Almoçamos em uma cidade bem bagunçada e com aparência suja. Já começo a sentir falta de uma comidinha caseira com um arrozinho branco. Decidimos comer “coizinhas” como rizoles, bolão de carne e espetinho de frango com Coca-cola. Lugar muito quente e com um certo clima “Globo Rural”.
A paisagem começa a mudar e a soja começa a dar lugar para o milho, mandioca, jaqueiras e mangueiras.
Como seria o Pantanal? Acho que ainda não passamos por nada parecido.
O Brasil continua, até aqui, muito verde!
Naviraí – não tinha ouvido falar, mas parece ser uma terra invadida por gaúchos. Fazendeiros com sede de plantio extensivo e conseqüente devastação das matas nativas. O tempo continua bom, com céu azul e nuvens de algodão. Muitos caminhões cruzam a estrada quase reta e em boas condições.
Devastação verde e típica dos pampas gaúchos e com direito a plantações de eucalipto também. ...e o pantanal? ...onde fica?
Pelo menos, ganhamos uma hora devido ao fuso horário ou ausência do horário brasileiro de verão. Tanto faz...
Jaguatirica, tuiuiú, surucucu? ... Nada? Só VACA, os bichos das nuvens e cupim. Muito cupim na terra.
Nas cidades tudo tem nome pantaneiro: Borracharia Pantanal, Lancheria Pantanal, Mercado Tuiuiú, etc.
A soja volta a tomar conta da paisagem, agora também algumas lavouras de cana-de-açucar.
Chegamos em Dourados e já estamos com a “bunda quadrada”. O tempo fechou e o ônibus lotou em Dourados, uma cidade movimentada e grande. Será que falta muito? Já são mais de 20 horas de viagem.
Engraçado é que a camisa que a Neila decidiu usar na viagem é igualzinha ao uniforme dos motoristas, funcionários e fiscais da EUCATUR. –Igualzinha!

Ao chegar em Campo Grande, e sua bonita e moderna rodoviária, retiramos nossa passagem comprada pela internet pela empresa ANDORINHA que nos levaria a Corumbá, já na divisa com a Bolívia.
Aproveitamos o tempo livre para verificar os horários de volta a POA pela EUCATUR e pela UNESUL.
Quem já tomou banho em rodoviárias ou em paradouros de estrada, sabe que se trata de uma grande aventura: - Tá pensando que é moleza? Compra-se uma ficha tipo as antigas de telefone, vai até o banheiro, pendura tudo que tiver nos ganchos do Box (se houver ganchos), coloca a ficha e o chuveiro começa a funcionar durnate 8 minutos e quando faltar um miunto para o tempo acabar vai tocar um bip.
A rodoviária de Campo Grande é bem legal, arejada e segura. Fizemos um lanche básico, ligamos para casa para dar notícias, estudamos nosso roteiro e fizemos cálculos dos nossos gastos.
-Só faltam 4 ou 5 ônibus e 1 trem até Cusco!
Já passaram mais ou menos 28 horas de ônibus em nossa viagem. Fora o tempo de espera nas rodoviárias.
3º ônibus – 23h59min – Campo Grande – Corumbá
Empresa ANDORINHA. Caminho muito escuro e, no caminho só mato. Talvez seja o tal Pantanal.

25 de Janeiro - Terça-feira

1º ônibus – 15h Cachoeira do Sul – Porto Alegre

Tudo começa com uma carona “vip” da Maristela e da Rô às 14h e 30min até a rodoviária. Esta linha é exclusiva da empresa UNESUL e tudo ocorre conforme o esperado e chegamos em Poa 17h e 45min. Marcelo ligou para o celular e passou na rodoviária para nos ver e se despedir.
Banheiro, lanchinho, conferir as passagens, telefonar para casa e tudo pronto para encarar o próximo trecho.
2º ônibus – 19h e 30min Porto Alegre RS – Campo Grande MS
Empresa EUCATUR – ônibus bonito por fora, com pintura de animais da Amazônia e pantanal mas apertado por dentro. Muito barulhento e trepidante. Não recomendo. A UNESUL também faz esta linha diariamente. Durante a viagem caiu uma tampa do teto interno do ar condicionado duas vezes.

Pegamos chuva perto de Estrela e Lajeado, só paramos por 20 minutos para jantar em Carazinho, depois de Soledade, lá pelas 23h 40min. Não conseguimos ligar para ninguém. O paradouro não era grande coisa.
Paramos em Frederico Westphalen lá por 01h e 30min pensando que já tínhamos dormido um bocado. –Puta merda! Reclamou a Neila quando eu falei a hora. –Como é grande o RS!
Em Santa Catarina, paramos em São Miguel do Oeste para desembarcar uma moça e seu bebê.
Apesar do ônibus, dormimos muito, pois os acentos eram muito confortáveis.