DUAS GRANDES VIAGENS

Na verdade este blog não é o relato de uma viagem ao Peru, mas de duas jornadas inesqueciveis a este país mágico e misterioso.
Em 2010, pacote de viagem de ônibus saindo do RS, passando pelo norte da Argentina, norte do Chile e sul do Peru até Cusco.
Em 2011, mochila nas costas, ônibus até a fronteira em Corumbá no Mato Grosso do Sul, Bolívia de trem e ônibus até La Paz e depois mais ônibus até Cusco no Peru.
Nas duas vezes fomos a Machu Picchu de trem como destino final.




NAVEGAÇÃO NO BLOG

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O COMEÇO DA JORNADA 13 e 14/01

Nossa viagem começou na rodoviária de Cachoeira do Sul, quando embarcamos no ônibus da UNESUL até Porto Alegre que seria o ponto de partida para cruzar o Rio Grande, norte da Argentina, norte do Chile e Peru até Cusco, Capital do Antigo Império Inca.



Tivemos que passar a noite em um hotel ao lado do Haudi Park para poder estar no estacionamento às seis horas da manhã para o início da grande jornada.
Embarcamos no ônibus da empresa Mario Tur ( http://mariotur.com.br/ ). –Que coincidência, Mario Tur... Empresa de Farroupilha com motoristas experientes acostumados a trajetos como este até o Peru, ou o chamado Circuito Andino e até para a Patagônia.



Compramos o pacote da Galápagos TOUR ( http://www.galapagostour.com.br/ )por intermédio de uma outra operadora de Cachoeira do Sul, a Pontes Turismo.
Conhecemos o grupo, que embarcou metade em Porto Alegre, um passageiro em Canoas e o restante em Lajeado. Muitos professores, bancários, jornalistas, uma geóloga, um advogado, alguns aposentados, um caminhoneiro, três padres, um empresário alemão, um garoto recém formado em turismo e hotelaria. Muita gente com sotaques alemão e italiano bem típicos do Rio Grande, uma carioca que mora em São Paulo e o alemão.
Nos apresentamos no microfone do ônibus e as expectativas eram ótimas e o otimismo e empolgação a respeito da viagem eram muito grandes também.
Almoçamos em Soledade e seguimos em direção a São Borja.
Fronteira:
Trocamos todo nosso dinheiro por Dólares e por Pesos Argentinos, registramos o computador para poder entrar na Argentina.
Cruzamos a ponte sobre o Rio Uruguai onde nossa guia Fabi, adepta do xamanismo fez uma espécie de oração para que tudo fosse bem em nossa viagem de ida e volta.
Na aduana foi tudo muito demorado. Mais ou menos uma hora e meia.
Andamos mais um tempo até a cidade de Gobernador Virasoro, nordeste da província de Corrientes. Cidadezinha legal, cheia de jovens pela rua, muitas motonetas e bicicletas e um pó vermelho sobre o asfalto e nas mesas do restaurante onde lanchamos à tardinha.
Começamos a acostumar o ouvido com a língua espanhola e a arranhar o nosso portunhol já com o garçom. Aqui chamamos de moço e ele vem. O atendimento foi bastante demorado, mas a simpatia e a hospitalidade compensaram.
Fizemos o pedido e, conforme instrução de nossa aplicada guia, fomos comprar algo para comer de manhã, pois iríamos tomar café da manhã em um posto onde não havia muitas opções.



Descobrimos logo um supermercado. Pequeno, mas com tudo que precisávamos. Compramos empanados em forma de dinossauro, pães doces com creme amarelo e alfajores. Tudo baratinho. As pessoas muito simpáticas e acolhedoras.
Voltamos para o restaurante e experimentamos a cerveja Estela. Só uma garrafinha, já que a Fabi recomendou muito sobre nossa alimentação antes da subida para a altitude.



Finalmente chegou nosso pedido. Era uma espécie de hambúrguer com pão caseiro. A Neila adorou e eu achei pequeno. Dividimos a mesa com uma amiga chamada Sônia de Petrópolis e que mora em SP.
Depois enfrentamos banheiros pequenos e precários. Fila imensa no feminino. –Deu para escovar os dentes...
Seguimos viagem até a capital da província Corrientes, uma cidade que lembra nossas cidades de praia mais pobres. Bem grande e movimentada, mas sem grandes atrativos. Paramos num posto para abastecer o ônibus mais ou menos 22 horas. Seguimos viagem e a Neila achou que tínhamos esquecido de um dos padres que estão no grupo (são 3). Quase fez o ônibus parar perguntando: -Cadê o Padre que tava aqui?
No caminho vimos um filme legal: O Amor nos Tempos do Cólera com a Fernanda Montenegro em inglês. –Legal!
Passamos pela bela e imensa ponte sobre o rio Paraná e seguimos viagem para a província de Chaco. Dormi a noite toda embalado pelo ônibus. A Neila não pregou o olho. Acha que foi porque os pés não alcançavam o chão ou coisa parecida.
Nosso sono foi interrompido durante a viagem por um casal jovem de policiais que entrou no ônibus pedindo documentos e visto de entrada para todos os passageiros.
A estrada que era ótima até a ponte do rio Paraná, depois começou a ficar um pouco esburacada e o ônibus balançou um pouco. Dormi bastante, mas a noite foi interminável.
De manhã, paramos no num posto para tomar café em uma cidadezinha da província de Salta, onde fomos ao banheiro enfrentando as mesmas filas de sempre. –Já estamos acostumando.



Tomamos café e depois uma colega professora de Educação física chamada Marta dirigiu uma pequena aula de alongamentos para todo o grupo.
Obs. No grupo temos mais ou menos uns 70% de professores de todas as disciplinas possíveis. Dava para abrir uma escola em Cuzco e ficar morando por lá. Os outros são bancários, advogados, agricultores, padres, um estudante de turismo recém formado que ganhou a viagem de presente e uma dona de casa.
Vídeos durante a viagem para ocupar nosso pensamento. Show do Oswaldo Montenegro, Cesar Oliveira e não sei o nome do outro, Acústico Bandas gaúchas, vídeo institucional da companhia de turismo (propaganda) e um documentário sobre vulcões, geologia e outras coisas que não prestei atenção, pois fiquei escrevendo.
As pessoas fazem o que podem para passar o tempo. Uns lêem, outros dormem, outros olham os filmes e eu escrevo os relatos no computador. Interessante é que não vi ninguém ouvindo música ou conversando muito e nem levantando do lugar o tempo todo. O grupo parece ser muito tranquilo.
A guia nos mantém muito bem informados sobre o roteiro, instruções a seguir nas fronteiras, história da América do Sul e ainda, um toque de espiritualidade. Ela me lembra um velho amigo, o Nazareno que mora em Caçapava do Sul e se diz meio um índio.
Acho que esta coisa de misticismo está me pegando, pois sonhei muito com um livro que li há muito tempo do Carlos Castanheda: A Erva do Diabo que conta de um cara que decide fazer uma busca espiritual pelo deserto em busca de um Guru. Por sinal, um Xamã.
Depois de muito tempo de viagem, ainda estamos indo em direção de San Salvador de Jujuy, capital da província de Jujyu onde poderemos finalmente tomar banho no hotel. Já são muitas horas de viagem, cansaço, suor e muita diversão.
Por enquanto as paisagens ainda são parecidas com as nossas do RS. Bastante verde, só que poucas plantações. Não sei do que este povo vive. Só vi uma plantação de soja e algum gado criado em confinamento. Parece um chiqueiro de vacas.

De longe começamos a avistar as montanhas da pré cordilheira que só subiremos amanhã quando já chegaremos a 4.200 m de altitude.
Mal posso esperar.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010, 10h e 22min, horário local.

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