DUAS GRANDES VIAGENS

Na verdade este blog não é o relato de uma viagem ao Peru, mas de duas jornadas inesqueciveis a este país mágico e misterioso.
Em 2010, pacote de viagem de ônibus saindo do RS, passando pelo norte da Argentina, norte do Chile e sul do Peru até Cusco.
Em 2011, mochila nas costas, ônibus até a fronteira em Corumbá no Mato Grosso do Sul, Bolívia de trem e ônibus até La Paz e depois mais ônibus até Cusco no Peru.
Nas duas vezes fomos a Machu Picchu de trem como destino final.




NAVEGAÇÃO NO BLOG

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O SÁBADO DO "SOROCHE" - 15/01

Começamos bem cedo. Malas arrumadas, "pé que é um leque". Café rapidinho e embarcamos.
Saída de Jujuy às 07 horas e começamos o dia com uma oração pelo padre Adelar. Depois fizemos uma meditação de 30 minutos enquanto o ônibus avançava em direção à pré-cordilheira. As cortinas fechadas, bancos reclinados e olhos fechados ouvindo o CD. Quando acabou a Fabi mandou que abríssemos as cortinas para ver o que estava lá fora.



Estávamos em um lugar chamado Purmamarca e a paisagem era fantástica. Começavam a surgir as montanhas e a vegetação se tornava seca e começavam a aparecer os imensos cactos.
Nossa primeira parada foi num lugar a 2250m de altitude no Cerro de sete cores composto por minerais de diferentes colorações como ferro, cobre, chumbo, enxofre, hematita, cal. Fizemos muitas fotos e alguns passageiros compraram lindas mantas.



Na próxima parada descemos próximo aos cactos gigantes que são considerados os espíritos guardiões das montanhas. Tiramos muitas fotos, nos espetamos um pouco, encontramos flores em alguns cactos e seguimos caminho.



No ônibus tomamos chá de coca para começar a subir a cordilheira. Ganhamos algumas folhas para levar para casa e alguns tentaram “cocar” que consiste em mastigar folhas de coca para obter um efeito benéfico na altitude. O chá de coca tem gosto de chá verde e logo que provamos, não parece muito diferente dos chás que conhecemos. Ao mascar as folhas elas se desmancham rapidamente na boca (talvez por serem secas), são um pouco amargas, duram pouco tempo na boca e não causam qualquer efeito aparente.
Subimos, subimos, subimos muito até encontrar os caracóis na estrada de onde se avistam pequenas casinhas no meio do nada que parecem ser feitas de barro. Algumas Lhamas, alpacas e vicunhas selvagens passeavam por lá. De longe, pequenos cercados de pedra ao lado das casas. O movimento da estrada é muito grande. São caminhões, ônibus, muitas motos e carros. Paramos para tirar fotos aos 4170 metros. Neila começou a ter dificuldades para escrever: -As letras não surgem na mente. Eu comecei a sentir uma leve tontura que até então era agradável e suave. Batemos fotos lindas da estrada vista lá de cima.



Depois de descer um pouco das montanhas, encontramos Salinas Grandes . No meio do deserto argentino, uma grande extensão de solo branco e plano. Minas de sal, estatuas de sal e até construções feitas de blocos de sal.



Ficamos todos descalços e fomos para o meio das salinas onde batemos uma foto de todo grupo, alguns fizeram meditações e deitaram no sal. Outros, que não prestaram atenção nas instruções da guia compraram estatuetas de sal para levar de presente (vão derreter antes de chegar). A Neila até deu informações turísticas para uma família de Buenos Aires que acabou também tirando os calçados.





Passamos por alguns Guanacos que são outros animais da região que estão em extinção.
O deserto argentino tem poucas moradias muito pequenas e simples algumas com parabólicas e painéis de energia solar, alguma vegetação rasteira, e alguns animais selvagens da região que o grupo tinha dificuldade para fotografar.



Parece que o sal fez muito bem para todos que saíram felizes para a próxima parada: "Almuerzo em Pastos Chicos", restaurante no meio de nada na cidade de Susque. O restaurante era muito acolhedor e todo grupo comeu a mesma comida. Sopa ralinha de verduras na entrada e depois salada de alface, tomate, cebola e um prato de purê de batatas meio adocicado e um arroz branco bem graúdo.



Quando na fronteira da Argentina com o Chile chegamos a 4500 metros, eu fui a primeira vítima do Soroche: O mal da Montanha. A Neila chamou a guia que me orientou e falou que eu sería o primeiro, mas não o único.
Começou com dor de cabeça muito forte, inchaço abdominal e mal estar. Logo depois, um suor frio, arrepios e então vômito.



Descansei um pouco para tentar me recuperar. Um certo alívio por algum tempo.
Paramos na aduana argentina onde a Fabi fez a parte burocrática e alguns desceram para ir ao banheiro. Caminhei um pouco, fui ao banheiro onde me cobraram 1,50 pesos argentinos, valor que variava conforme a cara da pessoa. A Neila chamou mentalmente uma lhama que passava por lá e ela se aproximou para que todo ônibus fotografasse. Desta vez sem ter que pagar.



Cruzamos a fronteira e no Deserto do Atacama passamos pelo Vulcão adormecido Licancabur que alcança 5916 metros de altitude. O nome significa Povo de Cima. No cume tem um lago onde foi encontrada vida (bactérias).



Tomei um remédio que nossa guia ofereceu, mas voltei a passar mal. Fui levado para o fundo do ônibus, onde quase vomitei de novo e fiquei deitado no banco por algum tempo dormindo.
Estamos no topo, bem próximo da fronteira com a Bolívia a 4600 metros. Região de campos minados de quando houve guerra com o Peru.
Chegamos à aduana chilena, onde tudo é muito complicado. Descemos todos do ônibus com identidade para fazer o visto de entrada e voltamos para esperar a vistoria das bagagens. Havia um caminhão quebrado lá pela frente e tudo foi muito demorado. Muito tempo depois todos desceram toda sua bagagem para passar uma por uma no Raio-X e finalmente obter a liberação.
Fomos para São Pedro de Atacama onde precisamos trocar nossos dólares por Pesos Chilenos.
A cidadezinha é algo de cinema! Parece um daqueles lugarejos perdidos no deserto nos filmes mexicanos de cowboy. Muito escuro, as construções extremamente rústicas e o povo muito interessante. Muitos mochileiros.
Nos dividimos em pequenos grupos e fomos trocando o dinheiro e voltando para o ônibus para seguir mais uma hora de viagem para Calama onde chegamos depois das 22 horas para comer algo e dormir na Hosteria Calama. Hotel muito bonito onde nada funcionava muito bem. Água quente, restaurante, internet. Tudo meio precário. O povo reclamou.

16/01/2009 – Calama - Chile, Mario Vidal

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